Se você, assim como eu, está acompanhando os jogos, repare durante as provas na quantidade de atletas competindo por outras nacionalidades ou filhos de imigrantes. Ela é enorme.
Neste carnaval eu escolhi uma atividade diferente, optei por acompanhar os Jogos Olímpicos de Inverno, que estão ocorrendo em PyeongChang, Coréia do Sul.
Não, não tenho nada contra o carnaval…ok, até tenho, mas não sou o tipo paranóico que posa de intelectual e fica criticando a festa dos outros. Até porque eu já curti muitas festas de carnaval e sei que muitas das criticas são em função, simplesmente, do puro preconceito.

Eu, em algum carnaval de um passado distante…
A minha opção por acompanhar a Olimpíada de Inverno se dá unicamente por gostar destes esportes, com destaque para a patinação artística e o bobsled (quem é da década de oitenta e gostou de Jamaica Abaixo de Zero entende esse sentimento).
Mas indo para o assunto, o que me tem chamado a atenção é a quantidade de atletas competindo por nacionalidades que não são as suas de origem, bem como, atletas filhos de imigrantes.
Até comentei com a minha esposa, quando vimos a Mirai Nagasu, a americana que fez um movimento histórico na patinação artística, “nossa, mais uma com pais e mães que mudaram de país”. Sim, a família dela é japonesa, os pais foram jovens para os Estados Unidos.

Mirai Nagasu, filha de japoneses que foram para os Estados Unidos. (imagem SporTV)
E o comentário ganhou reforço na última madrugada, com o primeiro lugar da Chloe Kim, a americana que se tornou a mais jovem campeão olímpica do snowborad, com apenas 17 anos, quando escutei o narrador falar que ela é filha de sul-coreanos.

Chloe Kim, filha de sul-coreanos, que também foram para os Estados Unidos.
Se você, assim como eu, está acompanhando os jogos, repare durante as provas na quantidade de atletas competindo por outras nacionalidades ou filhos de imigrantes. Ela é enorme.
Não tenho um pensamento concreto sobre isso, só consigo pensar que eu entendo perfeitamente os pais e as mães que deixaram seus lares para dar um futuro diferente para seus filhos.
No momento não é a minha realidade e de minha esposa, estivemos fora e voltamos, mas não podemos negar que este é o nosso objetivo. Uma certeza temos, se não sairmos de novo enquanto a Antônia ainda for criança, todo o esforço que temos despendido será para vê-la bem longe daqui quando adulta. Nada contra os pais que adotam o modelo “filho debaixo das asas“, que fazem de tudo para manter a família sempre por perto, mas eu e minha esposa temos a certeza de que o nosso modelo é o do “filho fora do ninho“.
Se você tiver a oportunidade de ir para outro país e levar seus filhos, faça isso. Se você já está com eles fora daqui e pensa em voltar, não volte.
E se você é jovem e está na dúvida de escolher qual curso universitário vai te preparar para um mercado de trabalho já saturado de profissionais e baixos salários, pense na oportunidade de aproveitar as notas do ENEM e estudar fora do Brasil.
Não, não estou falando de momento político e nem quero entrar em discussão sobre os problemas do Brasil, sabemos que ele tem vários, mas também devemos reconhecer que tem muitos pontos positivos, o que me refiro é a questão da oportunidade.
Recentemente saiu um pesquisa do IBGE revelando que os filhos de pais que ocupam posições de chefias no Brasil, como diretores, gerentes, etc., possuem 14 vezes mais chances de ascenderem socialmente em relação aos filhos de pais que sempre ocuparam funções subalternas.
A pesquisa também destaca que atualmente os filhos têm muito mais chances de ascenderem socialmente em relação aos pais, ou seja, filhos de pais analfabetos atualmente possuem mais chances de serem alfabetizados. Filhos de pais que não concluíram o ensino básico possuem mais chances de entrar numa faculdade, e assim por diante.
Mas esta não é uma mudança rápida e quem tem filhos sabe a preocupação que é pensar no futuro deles. A minha está completando recém quatro anos e eu já me descabelo com a falta de boas atividades culturais, educacionais e esportivas no Brasil.
Resumindo, é só uma reflexão quando lembro que a creche da minha filha em Portugal já ensinava francês e alemão, além do acesso à piscinas públicas para prática da natação, e que aqui no Brasil os livros escolares possuem erros básicos de português (num próximo post falarei sobre o motivo de termos cancelado o Leiturinha, abordado por alto aqui, neste texto) e dificilmente se acha um parque público com boas condições para andar num balanço ou escorregador…

Pai, para de falar e dar dicas.
Enfim, se você tem a oportunidade de viver o mundo, não desperdice ela. Talvez você passe muitas dificuldades, mas a certeza de ver que os filhos terão um futuro melhor compensa qualquer contratempo.
O mundo é grande para quem tem medo de enfrentá-lo, mas pequeno demais para quem tem a coragem de mudar o destino… principalmente quando falamos do destino dos filhos.